sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Sexo Frágil??? Uma Ova!!!

ABAIXO A FRESCURA


Em meio a tantos afazeres e responsabilidades 
estive pensando no termo "sexo frágil" como designação atribuída à nós, mulheres. Nada soa tão falso aos meus ouvidos. Como classificar de frágil um ser capaz de fazer tantas coisas ao mesmo tempo? Não temos a força bruta que os indivíduos do sexo masculino possuem, porém temos uma energia psicológica relativamente maior do que a deles. E por assim dizer, força bruta é só uma questão de treino.

Para começar, Deus nos deu a capacidade de gerar e dar à luz a uma criança, às vezes mais de uma ao mesmo tempo. Quer agressão maior? Bom, ainda bem que isso é trabalho das mulheres senão nós não estaríamos aqui. O mundo teria acabado logo na primeira geração. Caim não teria matado Abel porque se Adão tivesse sobrevivido ao primeiro parto, certamente nunca mais ia querer saber de comer o fruto proibido da Eva. rsrs
Há alguns anos atrás ouvia-se dizer que "Amélia é que era mulher de verdade". Será? Aposto que não! A "Amélia" foi educada e por que não dizer, adestrada para ser capacho do marido. Absolutamente dependente dele pra tudo e obedecendo sempre às regras que ele ditava e, claro, sujeitando-se a surras e traições, porque uma coisa é certa: todo homem que tem uma Amélia em casa procura uma "Capitu" na rua. Isso não mudou muito nos dias de hoje. Mesmo que já não existam tantas Amélias, as Capitu's ainda permeiam o imaginário masculino. Isso é fato!
Com o passar dos anos a mulher foi se emancipando, tomando partido da própria vida e ditando as próprias regras. Assumiu papéis de destaque no mercado de trabalho, porém ganhando menos, mas enfim, conquistou a própria independência. E o que isso significa? jornada tripla de trabalho: Profissão, casa/filhos e marido quando o têm. Para mim, mulher de verdade é aquela que acorda cedo, leva os filhos pro colégio, sai pra trabalhar, passa o dia pensando se seus pequenos estão bem, volta pra casa e começa o segundo turno; entra em casa exausta e nem lembra de tirar os sapatos que estão estrangulando seus pobres dedinhos, pois precisa colocar a roupa suja na máquina de lavar e enquanto isso coloca a comida no fogo, dá banho nas crianças, serve o jantar, coloca-os pra dormir, lava a louça enquanto o maridão já chegou do trabalho, tomou banho, jantou e agora assiste televisão como se não existisse mais nada no mundo. Ou seja, para aquelas que não têm marido até essa parte não muda nada, já as casadas, depois de colocar as crianças na cama, se prepara para o terceiro turno; toma um bom banho ao mesmo tempo em que se depila para estar "apresentável" ao marido e aproveita a água do chuveiro pra lavar o banheiro. Quando sai do banho, mesmo morta de cansada e querendo cair na cama e apagar, ainda se preocupa em colocar uma linjerie atraente para o marido que, a esta altura, já está de pijama e deitado esperando sua linda e exausta esposa para uma estonteante noite de amor. No dia seguinte começa tudo de novo.
Aí, aparece alguém pra dizer que as mulheres são complicadas, que choram a toa. Também pudera! Se não pudéssemos chorar acho que explodiríamos. Só uma mulher de verdade é capaz de encontrar forças quando já não as tem. Afinal, quando choramos é como se um peso fosse aliviado dos nossos ombros.
Qual é o homem que aguenta uma depilação com cera quente? Qual o homem que conseguiria trabalhar com uma maldita cólica mesntrual? Quem é mesmo o sexo frágil?
Atenção vocês do sexo masculino:
*uma mulher de verdade não precisa de um homem pra pagar as contas, nem pra consertar o encanamento, para isso existe mão de obra qualificada. Ela precisa mesmo é de amor e carinho. E mais do que fazer amor, ela quer dormir abraçada depois.
Mais do que alguém pra carregar as sacolas, ela quer alguém que segure a mão que tiver vazia.
Esse post é para falar de mulheres fortes, determinadas. Aquelas que fazem mais com menos; aquelas que mesmo com medo, matam suas próprias baratas, abrem seus próprios potes de conserva, pintam suas próprias paredes, trocam o próprio botijão de gas, carregam a própria bagagem, penduram seus quadros na parede sem precisar de ajuda masculina para usar a furadeira. Aquelas que, quando vão pra cozinha sabem preparar algo além de miojo com salsicha e pipoca de microondas e, no entanto, guardam o telefone da pizzaria para os finais de semana; aquelas que sabem lavar, passar, cozinhar e fazer amor, mas que acima de tudo são donas de si mesmas; aquelas que não levam desaforos pra casa e ainda assim são doces, carinhosas e sensíveis; aquelas que não ficam emburradas porque o marido foi jogar futebol com os amigos; aquelas que passam noites em claro cuidando do filho doente e após meia hora de sono, levantam da cama, se trocam, colocam um salto alto e vão trabalhar, sem esquecer jamais do batom e do blush para disfarçar a cara mal dormida...
Agora, aquelas que não saem de casa com um sapato que não combine com a bolsa; que sobem na cadeira quando vêem uma barata; que não lavam a louça para não estragar a unha, não dão de mamar para que os seios não fiquem flácidos, sinto muito, mas esse texto não é para vocês que são do "sexo fresco".
Esta é uma forma de homenagear a todas as mulheres fortes que conheço. Que carregam faixas pelo movimento "Abaixo a frescura" porque de frágil aqui, só a capacidade masculina de nos compreender!...

Beijinhos...

domingo, 16 de outubro de 2011

Era uma vez...

O dia era 17 de junho de 1984, no interior do interior das Minas Gerais, nasceu uma menina. Filha de um casal normal para os padrões da época e do local onde nascera. Uma família enorme que morava na roça. Era uma menina esperta, inteligente, adorava livros, aprendeu a ler aos 5 anos de idade sem nunca ter ido a escola, cheia de sonhos...
Apaixonou-se pela televisão no primeiro instante em que viu uma telinha em preto e branco de formato arredondado. Desde então, seu maior sonho era ser atriz de novelas, mas sabia que aquele sonho era distante demais para uma menina pobre, feia e que vivia no meio do nada...
Mesmo sendo uma garotinha esperta sentia-se sempre rejeitada, o patinho feio, era terrivelmente infeliz. Escondia-se no meio do mato para chorar sem nenhum motivo aparente, nem ela entendia o porquê de tanto sofrimento aos 8, 9 anos de idade. Chorava até soluçar, até os olhos ficarem vermelhos, inchados e ardendo. Ela ficava imaginando alguma tragédia com os pais, um suicídio, um assassinato e sofria por antecipação. Cenas demasiadamente fortes que povoavam uma mente que, pela lógica, deveria ser livre de tais pensamentos.
O tempo foi passando e aquela menina sentia-se cada vez mais distante daquela realidade. Pensava que era adotada, desejava a morte com todas as forças do seu coração, trancava-se dentro de si e o tempo por si só a forçava a acordar todos os dias... Sempre um dia a mais ou um dia a menos, não fazia diferença.
Aos doze anos ela ficou órfã de pai. Assim, repentinamente e uma parte da sua realidade se desfez abruptamente. Não bastasse isso, aos treze anos ficou também órfã de mãe. Aí sim, todo aquele medo que sentia quando criança era justificado.
ela se sentia só, abandonada, esquecida por Deus numa idade tão difícil. Foi forçada a mudar de cidade, a largar todo aquele pequeno Universo ao qual, bem ou mal, era tudo o que ela conhecia e já estava acostumada. Viu-se forçada a se afastar dos poucos amigos que tinha, do primeiro amor, da escola que tanto amava... Era hora de começar tudo de novo. Cidade nova, casa nova, escola nova, novas obrigações e nenhum amigo pra começar. O que tornava tudo ainda mais difícil já que nunca fora popular. Sofreu o que hoje pode se chamar de bulling, foi rejeitada por suas origens, sua ingenuidade, seu sotaque, até por sua "mania" de ser uma excelente aluna em todas as matérias. Mas um dia ela resolveu mudar. Passou a se interessar cada vez menos pelos estudos, começou a cabular aulas, a falar besteiras, a beber, a fumar, a brigar na rua, a não levar desaforo pra casa. Contudo, aprendeu a sorrir... a ser divertida, irônica às vezes, descobriu que ficar de cara amarrada só afastava as pessoas e que ser boazinha era uma coisa absolutamente "do mal". Por mais que se sentisse infeliz, estava sempre com um sorriso no rosto e uma piada na ponta da língua.
À esta altura já não tinha nem metade dos sonhos que tinha antes. Ela não era mais a menina que queria ser aceita, aliás, ela estava pouco se lixando pra isso.
Apaixonou-se algumas vezes, sempre pelos garotos errados e sofreu em todas as vezes.
Muitos anos se passaram, muitas coisas aconteceram e a menina virou mulher, tornou-se mãe, melhorou um pouco, superou alguns obstáculos, estabacou-se em outros, mas levantou-se e continuou andando. Sem sonhos, sem expectativas, com a certeza que nasceu pra ser toda errada e absolutamente só. Acreditando que um verdadeiro amor é privilégio pra poucos e ela, definitivamente, não está incluída nesse grupo.
Depois de tantas histórias interminadas, interrompidas, ela ainda se pergunta: Quando é mesmo que o patinho feio vira cisne? Ainda falta muito para o "e foram felizes para sempre"?