segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Antes que seja tarde...


Não queira saber quem eu sou, isso não fará diferença na sua vida. Antes que eu tenha alguma esperança, pelo amor de Deus, afaste-se! Eu já sei bem como vai terminar. Não se aproxime! Ainda não! Não mais! Não agora! Não assim! Tenho feridas
 abertas que ainda sangram. Não toque a minha mão, não se arrisque! Há muito perdi o que havia de bom em mim.

Vai ficar aí até quando? Pare de me olhar desse jeito. Eu não vou lhe oferecer um cigarro, cada um que cuide do seu vício. Já sei, você está bêbado! Ah... você não bebe. Sua vida deve ser bem sem graça mesmo...

O que você ainda está fazendo aqui? Se estou dizendo pra ir embora, acredite, é para o seu bem. Eu não faço bem às pessoas nem quando as odeio, muito menos quando as amo. Ninguém nunca me entendeu e não sei porque diabos você se acha capaz disso.

Você é insistente, né? Não se engane, eu não sou delicada, nem sutil, nem branda, nem meiga, nem doce, muito menos amável. Além do mais, gosto de umas músicas bem esquisitas que você nem deve conhecer e, pra piorar, detestei esse seu cabelo. Estou dizendo tudo agora para que não diga que não avisei ou que se enganou ou que pensou que eu fosse diferente.

Pela última vez: Cai fora, se manda, dá linha, vaza... Saia antes, enquanto é tempo...
Antes que eu me atire em seus braços, desague meu pranto em seu ombro e lhe peça para aceitar todos os meus defeitos e esquecer tudo o que eu disse antes.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Morrer é para os fracos...

Tenho ouvido muitas músicas ultimamente. E notei que em muitas letras tanto de músicas nacionais quanto de músicas estrangeiras existe um forte apelo em demonstrar a força do amor. Algumas dessas músicas me chamaram a atenção pela forma de comparar o sentimento com a capacidade de abrir mão da própria vida em prol e, ou por causa do ser amado. O engraçado é que sempre cantarolei essas músicas achando as letras incríveis, perfeitas, lindas... Mas, hoje num lapso do pensamento, cheguei a conclusão de que morrer por alguém é fácil, já que temos vontade de morrer por qualquer coisa. Difícil mesmo é viver por alguém, porque não há mérito nenhum em viver. Enquanto morrer soa poético e heroico, viver é praticamente uma obrigação, já que fomos concebidos e o suicídio é crime, pecado ou qualquer outra coisa condenável.
A morte do corpo em função de outra vida cria todo um heroísmo, afinal não é todo mundo que tem coragem de praticar um gesto tão altruísta, mas cá pra nós... nada me parece tão egoísta. É claro que isso não é uma regra e mesmo que fosse, haveria uma exceção.
E aquele que escolhe viver por alguém e que se dispõe a abrir mão dos próprios interesses para que o outro seja beneficiado? Herói mesmo é aquele que mata um leão por dia, enfrenta crises emocionais, perdoa pequenos deslizes, fica chateado com algumas atitudes, mas não se afasta porque o amor que o move é maior do que a mágoa. Porque viver com alguém e para alguém foi uma escolha consciente e ninguém disse que seria fácil. Fácil é abandonar o barco no meio da tempestade, assim como é fácil fugir, se esconder e se omitir.
Um amor capaz de renúncias! É o que todos nós procuramos. Um amor que seja capaz de mudar de cidade, estado ou país, um amor que tenha força suficiente para reconhecer as próprias fraquezas, que possa sair da casa dos pais, que seja capaz de abrir mão de frivolidades, que consiga romper o cordão umbilical por mais difícil que seja. Um amor que reconheça os defeitos do outro e os aceite porque nenhum mortal é dotado de perfeição. Alguém que reconheça em si cada gesto, cada sorriso e cada lagrima que o outro venha a derramar. Alguém pra rir junto, chorar junto, dormir e acordar juntos, lembrando que para estar junto não é necessário estar perto. O que conta é a união de almas e não somente a presença física.
Chego a pensar que sou romântica demais e que um amor que valha a pena viver, só existe nos romances de Nicholas Sparks. Ao olhar em volta, por vezes tão perto e tão dentro de mim, vejo amores tortos, desencontrados, unilaterais, doentios, repletos de enganos e decepções. Não existe uma fórmula mágica, sequer existe uma fórmula, mas viver um verdadeiro amor é para os fortes, é para quem sabe o que quer e sabe, acima de qualquer coisa, que amar não é característica inerente ao ser humano. Requer dedicação, aprendizado e força, muita força.  Ah, outro item absolutamente necessário: Paciência. A mesma paciência que é concedida a uma mãe que vê o filho fazendo birra sem nenhum motivo e consegue, simplesmente, ignorar. Pois sabe que daqui a alguns minutos, ele virá pedindo colo e carinho.
E com tanta gente fraca disposta a morrer por causa de outra pessoa ou tentando provar que o amor está acima da vida e da morte, chego a pensar que o mundo está realmente doente. Que falta inspiração, que faltam palavras e pior, falta amor de verdade. Aquele sentimento que nos impulsione a viver e não a morrer, porque amar também é renunciar. Não necessariamente à vida no sentido literal, de preferência que não seja mesmo, mas renunciar a uma vida de mentiras, de contos de fadas imaginados e aceitar que todo caminho é difícil, mas o amor em seu sentido mais amplo e profundo dispensa provas.  Ele existe independentemente dos tropeços e das falhas porque todo ser humano é falho e em algum momento vai nos magoar, mas só quem ama verdadeiramente tem o poderoso dom de não  guardar rancor. E não precisa provar nada pra ninguém. Quando o sentimento é real, ele transcende sobre qualquer tentativa de contê-lo.
Hoje percebi que não quero alguém que seja capaz de morrer por mim. Quero alguém que seja capaz de viver por mim, porque viver é muito mais difícil.

domingo, 1 de julho de 2012

Parte II


Eu busco acalanto e conforto
Não esse conforto que o dinheiro pode comprar e que os humanos podem destruir.
Eu encontro um ruído dentro da minha cabeça, uma voz que não quer calar.
Um leve desespero latente, uma fúria insensata do desejo de não mais querer.
O som do meu coração e dos meus instintos humanos que nunca soam em uníssono.
E a mais profunda calma das minhas tormentas traduz-se num breve amainar da tempestade.
Que de tão breve chega a ser quase imperceptível...
Já não tenho medo, nem guardo rancor, nem saudade, nem amor...
Sou um poço vazio, uma fonte que secou, um pássaro que não aprendeu a voar.
Sigo cada passo apalpando um dedinho de loucura, brigando com meu ego para não surtar.
Sou um “quase-nada” da vida, tentando da melhor maneira ser alguém comum...
Não que o comum me fascine, mas que talvez me console.
Mesmo procurando um consolo onde só exista dor
Mesmo colecionando uma série de erros, desses erros que o coração optou.
Sou cantiga de roda sem mãos dadas, sou lua nova que ninguém percebeu.
Sou um desastre que nem mesmo sei se corro, se espero ou se passo em silêncio.
Dentro do barulho das minhas confusões, longe das peças das ilusões...
Sou carne, osso, sangue, pele e um sorriso morno.
Sou criança querendo colo de mãe...
Despejo minhas angústias em noites tempestuosas...
Meu travesseiro confidente para os segredos que já não quero guardar.
Meu tudo e meu nada que já desistiu de brigar.
Sou a flor do meu próprio jardim e o jardineiro que a plantou.
Minhas lágrimas que já não caem, a água que a regou...
Desabrocho e murcho sem fazer cerimônia.
Em meio ao mato que em volta cresceu...
Desisto de ser tantas em minhas canções desafinadas...
E saboreio o amargo de ser apenas eu.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Poemas de bar I


Esse mundo dos outros

Vida de ninguém

Sorte que se enterra

Na terra, no concreto

Tudo abstrato

Promessa de um sonho

Loucura de um ser

Que existe

E desiste de ser

Um pouco mais

E a ferida se abre


Deixa de ser

Sem jamais ter sido

Desaparece no vácuo

Para existir mais um segundo

E sofrer uma eternidade

Nesse mundo dos outros

Nessa vida de ninguém

É o fim...

Inútil, indiferente

Existo e desisto de ser

Ser o que sou

Um ser que não é

Que não basta pra ninguém

Nesse mundo que é dos outros.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Medos...


Eu não tenho medo da morte. Tenho medo mesmo é da velhice. Aquele tempo em que já não há mais tempo. Aquela época de aceitar as limitações, conviver com as dores e com a solidão.

Quando você, simplesmente, já não faz falta, quando vira um estorvo, quando tudo o que sobra são as lembranças do passado, quando ainda é possível lembrar.

É a fase onde já não dá mais para querer ser diferente, fazer diferente. É quando as pessoas começam a te olhar com pena e a oferecer o braço para te ajudarem a atravessar a rua.


Meu maior medo é de quando eu chegar nessa idade, perceber que nada mudou, que o meu lado na cama nunca fora ocupado e que a minha mão que não está segurando a bengala continua abanando ao vento como sempre esteve.

Na verdade, acho que não tenho medo da velhice. Tenho medo da solidão, na fase em que tudo o que se pode ter já fora conquistado, ou não.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Redes Sociais

Toda essa modernidade “emburreceu” as pessoas. Nada contra a tecnologia, mas o que é de fato subversivo é a agregação de falsos conceitos, o distanciamento entre o que é real e o que é aparência. Quando a essência é que deveria ser valorizada.
O que se vê é um “Curtir” que não dá direito à resposta. Uma maneira de encurtar o assunto e aumentar a barreira entre os seres humanos. Uma forma nada autêntica de pormenorizar expressões. Um declínio da inteligência em detrimento da comunicação, porque não há mais em quê se pensar, basta “copiar e colar”. E eu ainda tentando guardar números de telefones na minha memória e não na do celular. Não quero que o meu cérebro seja um náufrago nesse mar de coisas tolas, onde a mesma frase se aplica em qualquer circunstância como se já não houvesse mais nenhum outro termo a ser usado. É uma verdadeira ingestão de “tudo igual”, café com leite, arroz com feijão todos os dias.
Eu quero mais! Nunca soube me contentar com o que me dão. E estão me dando cada vez mais coisas das quais não preciso. Será que o mundo real é tão ruim assim ou será que as pessoas ainda não se deram conta do que está acontecendo? Não existe mais contato direto, não existe mais aproximação, o que resulta numa verdadeira ausência de afeto. Não se joga mais vôlei na rua nos fins de tarde, mas passa-se o dia inteiro manuseando tacos virtuais e jogos de cartas contra uma tela que cansa as vistas, faz doer as costas e aumentar a barriga.
Tudo é tão rápido, num ritmo tão frenético que quando olhamos pela janela o sol já se pôs e nem sabemos se ele apareceu ou não. Não se pode lutar contra isso. É impossível não se contaminar, nem que seja para não parecer deslocado. O que não me conformo é o fato de não existir mais diálogo construtivo. Bastam vários “K” para se dizer que achou graça, um “ownn” para se dizer que achou bonito e um “joínha” para qualquer coisa. Eu não sou contra as redes sociais, em hipótese alguma. Eu também “Curto e Compartilho” muitas coisas e até acho legal, em meio a tanto stress, poder dar boas gargalhadas com algumas fotos e vídeos engraçados. O problema é que a vida das pessoas tem se resumido a isso. Estão fazendo das redes sociais (atualmente “A” rede social) um diário pessoal onde as pessoas precisam nos informar até se tomaram banho ou não.
É... realmente, a tecnologia tem criado “artistas” da idiotice (para a nooooooosssssa tristeza) e o excesso de coisas tolas tem atropelado o pouco de coisa útil que ainda existe. Resultado: um mundo de coisas superficiais e um déficit cada vez maior das coisas que realmente importam. Mas, é claro, tudo isso é a minha opinião!  Se você concorda comigo, curte aí! rsrs

terça-feira, 8 de maio de 2012

Subitamente...


O resvalar do medo é mais amargo do que o fel
Quando o despertar na madrugada vem de assalto e febril
O suor brotando quase em jarros e o frio doendo os ossos
O total estranhamento de ser o que apenas se pode ser
E nada além de escuridão para acalmar o desvario

Uma olhada no relógio para me certificar de que ainda é noite

Porque o escuro pode ser apenas o que os meus olhos querem ver
Como se fosse o que há por dentro transcendendo os limites do corpo
Repouso novamente a cabeça no travesseiro, metade zonza, metade sóbria
E o cobertor torna-se pesado demais
Vai ver nem é o cobertor

E vai ver nem é o peso

O que sufoca é o denso ar nevado e frio

Enquanto o calor da pele queima mais do que a chama da vela

Espero que o sono volte

E ele volta triste, tumultuado e exaustivo

Justo na hora em que deveria ir embora

O medo é só uma das pernas dessa mesa bamba

Onde está a vela torta

Que por segurança, é melhor manter acesa

E por ser quase um pesadelo prefiro não me arriscar

Deixo a chama luzindo, um pontinho de luz para me localizar

Porque pode ser perigoso se, na hora do medo

Eu não conseguir me achar.
Alice Gomes, 08 de maio de 2012

quinta-feira, 22 de março de 2012

E depois da festa?

Em breve seremos testemunhas de um grande evento mundial sediado em nosso país: a Copa do Mundo de Futebol. Estádios estão sendo construídos, reformados e reestruturados em tempo recorde, mas será que o Brasil está mesmo preparado para um evento dessa proporção?
Quando se fala em copa do mundo vem em mente uma série de jogos e partidas eliminatórias, grandes lances, grandes gols... Como bons brasileiros almejamos que a nossa seleção seja campeã, entretanto, ao analisar diversas condições, chego a conclusão de que talvez, apenas talvez, não estejamos preparados para isso.

Não desejo ser pessimista e realmente não sou, porém acho que não é só uma questão de termos jogadores bem treinados e estádios recén-inaugurados. E a estrutura das cidades que sediarão os jogos? terá espaço para acomodar tanta gente? E o transporte?
Tomando como exemplo a cidade de São Paulo, onde o trânsito já é caótico, alguém conseguirá deslocar-se de casa para ir ao estádio sem implorar a Deus pelo teletransporte? Eu, particularmente, acho que não. Não vai ser nada agradável ter um jogo da copa no bairro ao lado se não conseguirmos chegar até ele.
Sem falar dos hotéis, restaurantes, hospitais, etc.

Imagine uma grande festa. Gente de toda parte, com diferentes pensamentos e objetivos, diferentes maneiras de encarar as pessoas, opiniões diversas, estilos completamente opostos e filosofias de vida decididamente contraditórias, arbitrárias. Imagine que o salão é pequeno, os comes e bebes não são devidamente servidos, o calor tropical faz com que alguns estrangeiros passem mal e sejam pisoteados pelos outros convidados. Imagine que o dono da festa não tenha colocado lixeiras no salão ou que estão longe e não dê pra chegar até elas e todo o lixo é jogado no chão mesmo. Imagine a bagunça! E depois que acabar a festa quem vai ter de limpar o salão? O dono da festa, obviamente. A regra é clara!

Infelizmente, muito se investe em pompa, circunstância e aparência, quando deveria se investir em infraestrutura para que a copa de 2014 não deixe o nosso Brasil mais defasado do que já está.

Pronto, falei!