
O resvalar do medo é mais amargo do que o fel
Quando o despertar na madrugada vem de assalto e febril
O suor brotando quase em jarros e o frio doendo os ossos
O total estranhamento de ser o que apenas se pode ser
E nada além de escuridão para acalmar o desvario
Uma olhada no relógio para me certificar de que ainda é
noite
Porque o escuro pode ser apenas o que os meus olhos querem
ver
Como se fosse o que há por dentro transcendendo os limites
do corpo
Repouso novamente a cabeça no travesseiro, metade zonza,
metade sóbria
E o cobertor torna-se pesado demais
Vai ver nem é o cobertorE vai ver nem é o peso
O que sufoca é o denso ar nevado e frio

Espero que o sono volte
E ele volta triste, tumultuado e exaustivo
Justo na hora em que deveria ir embora
O medo é só uma das pernas dessa mesa bamba
Onde está a vela torta
Que por segurança, é melhor manter acesa
E por ser quase um pesadelo prefiro não me arriscar
Deixo a chama luzindo, um pontinho de luz para me localizar
Porque pode ser perigoso se, na hora do medo
Eu não conseguir me achar.
Alice Gomes, 08 de maio de 2012
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